PORTO JUDEU ASSINALA 520 ANOS DA PRIMEIRA ELEVAÇÃO A VILA

Os primeiros povoadores da ilha Terceira terão desembarcado no porto do Porto Judeu, assim o atestam Francisco Ferreira Drummond e Gaspar Frutuoso. Entre eles contar-se-ia o primeiro capitão do donatário, Jácome de Bruges, cuja data de desembarque é apontada como sendo o dia 1 de janeiro de 1451. A designação de Porto (do) Judeu surge envolta em lenda, que o imaginário da época potenciava. Reza a história que o mau tempo e as fracas condições de abrigo da pequena enseada do porto terão estado na origem do nome de Porto Judeu, associando assim o termo de “judeu” a tudo o que fosse menos bom. Embora não tenham chegado até nós fontes documentais sobre a fundação da freguesia, contata-se que a construção da igreja paroquial é anterior a 1470, e o povoado foi estabelecido em sesmaria recebida do capitão do donatário pelo senador João Coelho. Os 32 moios de terra que recebeu foram, em pouco tempo, passados pelos seus familiares e, do que sobrou, constituiu-se a freguesia. O seu sobrenome sobreviveu na toponímia, na chamada ponta dos Coelhos, que se estende do pico do Refugo até à Salga, dando alguma legitimidade às pretensões dos habitantes da, agora, de novo vila de que essa faixa de terra lhes pertence. O orago do Porto Judeu, Santo António é anterior a 1502. A paroquial de construção antiga, foi sofrendo modificações ao longo dos tempos, quer por incúria humana quer por razões naturais. As marcas do tempo e a proximidade do mar podem ter levado ao desvirtuamento, aquando das reparações, do plano inicial, assim como a atividade sísmica. A então povoação do Porto Judeu foi elevada à categoria de Vila por Carta-Régia de D. Manuel I, datada de 12 de Fevereiro de 1502, com o argumento de que “esguardando nós o logar do Porto do Judeu que é situado na nossa ilha Terceira de Jesus Christo, da parte d’Angra, ser tão azado e conveniente para nelle se fazer uma grande povoação com termo que determinarmos de lhe ficar; […] E queremos e determinamos que d’aqui em diante o dito Porto seja villa de San Sebastião assim como o é a dita villa d’Angra.” Porém, o estatuto será revogado no ano seguinte aquando da elevação do lugar da Ribeira de Frei João a Vila de São Sebastião (1503), “com condições e termos que, em 1502, fora imputado ao lugar do Porto Judeu.” Tudo uma questão de conveniência, porque o argumento de ser apenas um lugar, por carta régia, a Ribeira de Frei João também o era. Por outro lado, a julgar pela premissa contida na carta de régia de 1502, a freguesia foi sempre crescendo em fogos e em população. A sua população cheia de força e garra, vivendo do mar e da terra, também contribuiu para que o seu nome fosse falado para além da ilha, citemos por exemplo, o cónego José Maria Pacheco de Aguiar, o bandarilheiro José de Sousa Cadete e, the last but not the least, Peter Francisco, herói da guerra da independência dos Estados Unidos da América do Norte. Neste aniversário, celebra-se os 520 anos de uma comunidade dinâmica, viva, da qual todos se orgulham de contribuir ativamente para o desenvolvimento da inicialmente chamada Ilha de Jesus Cristo.