O Porto Judeu está a celebrar 520 anos da primeira elevação a Vila. Que memória há desses tempos e sobretudo o que justificou essa elevação? As memórias relativas a esse tempo são essencialmente as memórias do início do povoamento da Ilha Terceira, não tendo deixado de ser um marco importante este facto, quer na história da ilha, quer na da nossa freguesia, agora Vila. Daí a nossa intenção de assinalar esta data. Há uma segunda elevação a Vila. Em que condições ocorreu e com que justificações? O facto de o Porto Judeu ter sido Vila em 1502 foi o fator mais determinante para esta segunda elevação, mas também o desenvolvimento que temos vindo a assistir nos últimos tempos na nossa Vila. Por iniciativa e persistência de um filho desta Vila, o cidadão Olivério Rocha, o projeto de voltar a readquirir o título de Vila para o Porto Judeu, foi um sonho tornado realidade. Ao encabeçar um abaixo-assinado, dirigido à Assembleia Legislativa Regional dos Açores, com largas centenas de subscritores, peticionando a elevação a Vila, a qual em 2016 veio a ser aprovada e concretizada pelo Decreto-Legislativo Regional N.º 11/2016/A de 1 de julho. Como se define hoje a freguesia-Vila em termos sociais, culturais e económicos? Em termos sociais a Vila caracteriza-se por uma boa resposta ao nível de valências, em grande parte prestados pela Casa do Povo de Porto Judeu, a qual tem diversas respostas sociais, tais como creche, jardim-de-infância, ATL, centro de dia, apoio domiciliário, acompanhamento social de famílias carenciadas, entre outra situações pontuais. De referir também que a Vila dispõe de uma loja RIAC, que oferece um alargado número de serviços aos nossos habitantes, facilitando em muito diversas situações do seu dia-a-dia. Ao nível da saúde, o Porto Judeu está guarnecido de um posto médico e enfermagem, que presta um serviço importante a toda a nossa população, pese embora o facto de ao nível do médico de família a resposta ficar aquém das necessidades, pois trata-se de uma Vila com um grande número de habitantes, sendo que ter apenas um médico de família é manifestamente pouco. A nível económico, a nossa Vila tem uma grande atividade, nomeadamente ao nível das pescas, agricultura e serviços, sendo de destacar que parte da zona industrial de Angra do Heroísmo fica situada na área geográfica do Porto Judeu. Em termos de serviços a Vila dispõe de diversos restaurantes, snack-bares, cafés, mercearias, mini mercados e um supermercado, bem como alguns alojamentos locais. Relativamente à parte cultural, o Porto Judeu foi desde sempre rico em atividades ligadas ao teatro, música e artes plásticas. Atualmente temos um grupo de teatro em atividade, a filarmónica da Associação Cultural do Porto Judeu, ambos sobejamente conhecidos por toda a ilha. Ainda ao nível cultural o Porto Judeu é um dos grandes representantes do Carnaval da Ilha Terceira, presenteando a ilha com diversas manifestações carnavalescas. Para além do teatro e da música, o Porto Judeu também é conhecido pelos seus artistas plásticos que desde sempre se destacaram pela pintura de cenários para atividades teatrais, na elaboração de carros alegóricos, entre muitas outras. Há figuras ilustres ligadas ao Porto Judeu. Uma deles é herói da independência dos EUA. A freguesia revê-se nessas figuras? Como as celebra? De que forma são inspiradoras? Das figuras históricas há uma que se destaca, Pedro Francisco, nascido no Porto Judeu, de onde, reza a história, foi raptado e levado para os Estado Unidos da América, onde veio a ser considerado um dos heróis da revolução americana. Relativamente a este herói da nossa Vila, o seu nome está homenageado de várias formas, havendo uma placa no batistério da Igreja Paroquial de Santo António alusiva ao seu batismo, uma estátua em criança em frente ao pavilhão multiusos desta Vila que também recebeu seu o nome, bem como a rua junto ao mesmo pavilhão. Ao longo dos vários anos muitas foram as figuras que se destacaram nesta Vila, nas mais diversas áreas, estando os seus nomes homenageados de diversas formas, essencialmente na toponímica da Vila e mais recentemente no “Passeio Artistas da Terra” onde foram colocadas diversas placas em cerâmica com os seus nomes, data de nascimento e falecimento, bem como a área especifica em que se destacaram. Estas figuras são certamente inspiradoras para todos os nossos habitantes, quer pelo seu exemplo, quer pela sua determinação e empenho prestado nas áreas em que se destacaram. Todas elas foram sem dúvida um elo de ligação que permitiu que estas atividades fossem passando de geração em geração, contribuindo para o Porto Judeu que temos nos dias de hoje. A pandemia em curso certamente afetou a vida na freguesia a todos os níveis. Como se perspetivam no Porto Judeu os tempos pós-pandemia? Com mais vivacidade cultural? Com as empresas da freguesia a regressarem a dias de criação de mais riqueza? A pandemia foi sem dúvida um problema para todos, foi e está a ser uma situação nunca antes vivenciada, tendo todos que se adaptar a uma “nova forma de vida”, obrigando a mudanças radicais no nosso dia-a-dia. Muitos foram e têm sido os obstáculos que surgiram. Agora que se começa a vislumbrar uma pequena luz ao fundo do túnel, pouco a pouco a vida vai retomando a normalidade possível, não sendo o Porto Judeu exceção. Uma das situações que mais se notaram na nossa Vila foi sem dúvida a sua atividade cultural, cancelando-se festividades do Divino Espírito Santos, Festas de Verão, touradas à corda, Carnaval, atuações do grupo de teatro e filarmónica, entre muitos outros cancelamento de atividades de cariz cultural. Com o esperado fim da pandemia, esperamos que estas atividades regressem à sua normalidade, podendo as empresas retomar a sua atividade de forma mais consistente, e vivenciar-se a cultura e tradições de uma forma mais tranquila e sem as restrições que tanta apreensão causaram a todos nós nestes tempos difíceis.