Inauguração Miradouro Francisco Elias Simões ” Chico Elias”

Aconteceu a 11 de agosto de 2019, mais um marco na história desta nova vila. Um compromisso assumido e cumprido por este jovem executivo – a inauguração do Miradouro Francisco Elias Dutra Simões, conhecido por todos como Chico Elias, o homem dos sete ofícios.

Esta obra contou com o apoio financeiro do Governo Regional dos Açores através da Secretaria Regional de Transportes e Obras Públicas.
A idealização e elaboração do projeto esteve a cargo de Hélder Tavares, sendo o mesmo construído pelo empreiteiro António Fernando Silveira, com a finalização a cargo dos colaboradores da Junta de Freguesia, que trabalharam com gosto e afinco para que a inauguração corresse da melhor maneira possível. 
Todas as peças de embelezamento foram elaborados pela firma J. Henrique Sousa & Filhos. 
O espaço para a sua construção foi gentilmente cedido pelos cidadãos beneméritos José Hermínio e Rita de Fátima Aguiar.

Esposa e filhos, nora, genros e netos do homenageado marcaram presença na inauguração, alguns até vindos de além mar; bem como demais familiares, amigos e conhecidos.

Um agradecimento ao Dr. Sérgio Ávila, vice-presidente do Governo Regional; Prof. Álamo de Meneses, presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo; Sr. João Tavares,Presidente da Assembleia de Freguesia, Membros da Assembleia de Freguesia, toda a família do Sr: Francisco Elias Dutra Simões, assim como todas as colectividades e cidadãos que nos honraram com a sua presença

Segue o texto lido pelo seu filho, Francisco Simões, com grande emoção à mistura, própria de quem sente a saudade.

Texto de Francisco Simões:

«Foi-me pedido que, nesta ocasião, resumisse o percurso do meu pai. Certamente seria esperado que descrevesse as suas múltiplas facetas públicas e a sua capacidade para se envolver nos mais variados projetos. De fotógrafo a pintor, de escultor a ilusionista, de barbeiro a acólito, além de presidente da junta de freguesia, membro da direção da Casa do Povo ou chefe do agrupamento de escuteiros 139, todos conhecerão as diversas missões em que o meu pai esteve envolvido, umas de caráter profissional, outras, a maior parte delas, com espírito de missão e serviço público. Não irei maçar-vos, pois, traçando uma biografia por demais conhecida. Não o farei por duas razões principais. Primeiro, porque muitos dos aqui presentes repartiram com ele alguns dos desafios a que ele se foi propondo ao longo da vida. Em segundo lugar, porque ainda em vida, e em mais do que uma ocasião, a vila do Porto Judeu, através da sua Junta de Freguesia, da Casa do Povo ou da paróquia, soube reconhecer os seus contributos, homenageando-o. Em cada um desses momentos o seu trajeto foi revisitado e salientado. 
Proponho-me, antes, a partilhar convosco o que dele me parece ter ficado, o seu legado, com o risco que esse exercício encerra. Trata-se de uma reflexão meramente pessoal, desprovida do rigor das datas e dos factos e do distanciamento do narrador não-participante, elementos requeridos pela análise biográfica. O meu rigor é o de filho e a minha observação é o do narrador que terá visto, porventura, a faceta mais desconhecida do Chico Elias: a de marido e a de pai. Ainda assim, mesmo lá em casa, garanto-vos que continuámos a ser sempre seis: o meu pai e a minha mãe, as minhas duas irmãs, eu e, como é óbvio, o nosso irmão mais velho, o Porto Judeu. 
Desde que ele partiu, em 2017, tenho-me questionado sobre qual terá sido o seu testemunho. Admito que, durante muito tempo, não encontrei resposta para essa dúvida. Na intimidade, o meu pai confiava mais nos gestos do que nas palavras, tornando mais difícil compreendê-lo. A sua visão de mundo e aquilo que esperava de nós, os filhos, chegava-nos mais pelo exemplo ou pelos atos. As palavras guardava-as para o que devem realmente servir: um humor quase sempre mordaz, que, infelizmente se foi perdendo com a doença. Só assim, por ser tão devoto dos gestos, compreendo, enfim por que motivo sempre se recusou a ensinar-me os seus truques de magia. Às minhas insistências devolvia a mesma resposta: “tens de puxar pela cabeça”. Descobri a solução para alguns deles. A resolução de outros ainda hoje me obriga a puxar pela cabeça. 
Só depois de descodificar a forma de comunicar do meu pai, consigo hoje entender o seu legado. Resumo-o em duas ideias. A primeira delas, é a entrega ao sentido de união. Revejo, por exemplo, a sua dedicação à importância de unir no modo como desempenhou o cargo de presidente de junta. Para ele, pouco importava se os seus concidadãos eram do Porto Judeu de Cima ou do Porto Judeu de Baixo, se desfilavam pela filarmónica da Sociedade Recreativa Brianda Pereira ou pela Filarmónica da Sociedade de Santo António, se puxavam pelo Sport Club Os Leões ou se apoiavam o Sport Club Barreiro, se eram da situação ou da oposição. Assim movido, trabalhou para que a unidade da antiga freguesia e agora vila se pudesse consumar em vários aspetos. De tal maneira ignorava os divisionismos que ainda hoje me lembro de o ver festejar a sua primeira vitória eleitoral, em nossa casa, trazendo consigo membros de listas oponentes. Não sei se nos dias de hoje, tamanho fair-play democrático seria possível. Mas essa atitude não será surpreendente, pelo menos para quem o conheceu mais de perto, pois não passava do reflexo de uma forte crença na comunhão, para ele o valor cristão supremo ou o destino a atingir.
O segundo testemunho deixado pelo meu pai levou-me mais tempo a compreender, mas não é menos importante. Se refaço a linha do tempo e a percorro do presente para o passado e vice-versa, reconheço como um dos desígnios do meu pai sempre foi uma luta por em tudo impor o belo. Fosse a entoar um salmo, a preparar um cenário ou um carro alegórico, a desempenhar um cargo autárquico ou, simplesmente, a podar as roseiras no nosso jardim, a mensagem do meu pai sempre foi e será sempre lutar contra a ideia feita de que o belo é inimigo do bom. Para ele, o belo é a expressão suprema do Bem. 
É por tudo isto que julgo poder afirmar que mais do que justa ou necessária, esta homenagem prestada ao meu pai é, sobretudo, feliz. Feliz, pela perspetiva, porque o local onde fica implantado este miradouro transmite uma imagem de coesão da vila pela qual o meu pai sempre se bateu. E feliz, ainda, porque o faz convidando à contemplação que, em si, não é mais do que o ato humano de procura do belo.
Em meu nome e em nome de toda a minha família cumpre-me, pois, agradecer à Junta da Vila do Porto Judeu, na pessoa da sua presidente, pela iniciativa, bem como a vós que, connosco, partilharam este momento. A todos sem exceção, o nosso sincero obrigado.»